Já desperto,
direcionei-me ao banheiro. Fiz a barba porque era quarta-feira, escovei os
dentes porque era de manhã. Tomei banho, apesar de já ter feito isso na noite
do dia anterior. Fiz tudo o que as pessoas esperam que eu faça porque elas
mesmas fazem e esperam que você seja igual a elas.
Agrado mais aos outros do que a mim próprio.
Saí de casa correndo,
não era um ambiente acolhedor. Havia muita solidão ali. Há solidão em todos os
lugares se você não estiver disposto a espantá-la. Fui correndo ao trabalho,
mesmo estando adiantado. Estou sempre correndo para todos os lugares, mesmo
quando não preciso. Esqueci a sensação de andar apreciando o que me rodeia.
Cheguei ao trabalho.
Adiantado. O escritório estava vazio e as quinhentas salas iguais eram
depressivas. Porém o desespero superava a depressão quando o escritório enchia.
Tantas pessoas presas, tantos sonhos trancados e esquecidos. Fui tomar um café.
Sozinho. Sentei em minha cadeira, em uma dessas quinhentas salas iguais. Eu era
só mais um deles, com todos os meus sonhos trancados e esquecidos, e a solidão
como companheira.
Trabalho, trabalho,
trabalho. Digitar mais e mais documentos. Um café quente ali, um fervendo
acolá. Horário do almoço. Saí correndo, comi correndo e voltei correndo. Mais
café, mais trabalho. Uma pontada de solidão ali, que foi espantada pelo som de
meus dedos batendo no teclado. Escritório esvaziando e continuei digitando.
Oito horas, hora de ir embora. Saí correndo, com pressa. Como se estivesse
atrasado para um encontro. Talvez tivesse, um encontro com comida congelada, às
luzes da cidade vistas pela janela e a solidão. Comi e fui ao banheiro.
Necessidades feitas, dentes escovados, dormir. Esquecer por alguns momentos
toda essa solidão, deixar minha mente sonhar por algum tempo antes que eu
tranque e esqueça novamente. Dormi.
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